Enquanto fazemos nossa contagem regressiva para o 47º Festival Sesc Melhores Filmes, vamos falar hoje dos melhores para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que anunciou nesta segunda as indicações do Oscar, cuja cerimônia de premiação este ano acontece no dia 25 de abril.
Continuando o movimento do Oscar rumo à diversidade, este ano o que não faltaram foram boas surpresas rumo a um cinema mais plural. A maior delas se deu nas categorias de atuação. De um total de 20 indicações, nove foram para atores não brancos – um recorde na história do Oscar, que em 2015 e 2016 foi muito criticado por ter indicado somente atores e atrizes brancas.
Foram seis atores negros indicados, dos quais o favorito é Chadwick Boseman. O eterno Pantera Negra deve ganhar um Oscar póstumo de ator principal por seu trabalho em A Voz Suprema do Blues (Netflix). Além dele, Viola Davis também foi indicada na categoria principal como melhor atriz por A Voz Suprema do Blues. Ela chega a marca histórica de ser a única atriz negra indicada 4 vezes ao Oscar, sendo a primeira indicada 2 vezes a melhor atriz principal. E Andra Day também foi indicada na categoria principal por Os EUA vs Billie Holiday, confirmando a primeira vez que duas atrizes negras disputam melhor atriz principal desde 1973.
Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield foram indicados por Judas e o Messias Negro, e Leslie Odom Jr por Uma Noite em Miami, completando as indicações de negros revelando o ineditismo: é a primeira vez que temos três indicações de negros na categoria de melhor ator coadjuvante. Outra importante conquista sobre Judas e o Messias Negro é a primeira obra na história indicada na categoria de melhor filme cujos produtores são todos negros.
E ainda dentro das indicações de atores não-brancos, temos o primeiro asiático a ser indicado a melhor ator com Steven Yeun, pelo drama Minari, e o primeiro muçulmano com Riz Ahmed, pelo O Som do Silêncio. E na categoria melhor atriz coadjuvante, Youn Yuh-Jung se tornou a primeira sul-coreana a ser indicada também por Minari.
Pela primeira vez, duas mulheres foram indicadas em melhor direção: a chinesa Chloé Zhao, pelo drama Nomadland, e a britânica Emerald Fennell pelo thriller Bela Vingança – ambos ainda inéditos no Brasil, mas que devem estrear nos cinemas nos próximos meses. Além delas, um norte-americano de ascendência sul-coreana (Lee Isaac Chung, de Minari) e um dinamarquês (Thomas Vinterberg, por Druk – Mais Uma Rodada), este com previsão de estrear nos cinemas no próximo 25 de março e dia 16 de abril no streaming.
Os maiores indicados
Entre os oito filmes indicados na categoria principal de melhor filme, o recordista de indicações foi Mank, da Netflix. O longa de David Fincher (o mesmo de A Rede Social e Clube da Luta) conta a história de Herman Mankiewicz, o roteirista por trás do sucesso do clássico Cidadão Kane (1941). O longa, que foi exibido na tela grande do CineSesc em janeiro deste ano, foi indicado a melhor filme, direção, ator (Gary Oldman), atriz coadjuvante (Amanda Seyfried), fotografia, canção, direção de arte, som, maquiagem e figurino.
Outros seis filmes ganharam seis indicações cada um. O drama Minari foi o grande vencedor do Festival de Sundance em 2020 e acaba de levar o Globo de Ouro de filme estrangeiro, chegando forte na disputa. A narrativa do filme conta sobre uma família sul-coreana se estabelecendo no estado do Arkansas durante os anos 1980. Conseguiu as históricas indicações para os atores sul-coreanos Steven Yun e Youn Yuh-Jung, e de melhor direção para Lee Isaac Chung, norte-americano com descendência asiática.
A produção Nomadland também vem como favorita pela estatueta principal, após ter vencido o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o Globo de Ouro nas categorias de melhor filme e direção. O filme garantiu quatro indicações para sua diretora, a chinesa Chloé Zhao: além de diretora, ela é a produtora, roteirista e montadora. A história do longa mostra uma mulher que, após perder tudo, resolve partir com seu trailer pelas vastas paisagens do Oeste americano. A atriz Frances McDormand garantiu sua sexta indicação – ela já venceu duas vezes, por Fargo e Três Anúncios Para um Crime.
Meu Pai, drama em que Anthony Hopkins vive um pai que começa a sofrer de demência e confundir as pessoas e circunstâncias da sua vida, conseguiu, entre outras, a indicação de melhor ator principal para Hopkins que o torna o ator mais velho indicado nesta categoria aos 83 anos. O filme tem previsão de estreia nos cinemas a partir de 8 de abril.
Bela Vingança, um thriller no estilo do diretor Quentin Tarantino, sobre uma mulher vítima de violência do passado que decide se vingar de todos os homens que cruzam seu caminho, ficou com cinco indicações, incluindo melhor diretora para Emerald Fennell e atriz principal para Carey Mulligan.
A lista de indicados a melhor filme se completa com Judas e o Messias Negro, sobre um agente infiltrado no movimento dos Panteras Negras nos anos 60; Os 7 de Chicago, drama de tribunal que se passa na mesma época, num grande protesto contra a Guerra do Vietnã, lançado pela Netflix; e O Som do Silêncio, filme da Amazon Prime, sobre um baterista que vê sua vida virar de cabeça pra baixo ao perder a audição.
Na categoria filme internacional (antigo filme estrangeiro), mais surpresas: uma seleção bem variada, com longas da Dinamarca, Hong Kong, Romênia, Tunísia e Bósnia. O documentário Colectiv, da Romênia, sobre um incêndio numa boate que acabou em tragédia, conseguiu a façanha de ser indicada em duas categorias – além desta, na de melhor documentário. O filme foi o grande vencedor do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários no ano passado.
Fiquem ligados na cerimônia de abertura e premiação do Festival Sesc Melhores Filmes 2021 no próximo dia 14 de abril, no canal do CineSesc no YouTube, e na cerimônia do Oscar dia 25 de abril, nos canais oficiais.