Os destaques do cinema brasileiro e internacional de 2017 chegam às telas do CineSesc a partir de 5 de abril, quando começa o 44º Festival Sesc Melhores Filmes. Ao todo, serão exibidos 47 produções que foram mais votadas pela crítica especializada e pelo público de 11 mil pessoas, que escolheram seus favoritos do ano que passou. Destes, há 19 longas internacionais, 20 nacionais, quatro clássicos em 4K restaurados, três infantis que entram na seção CineClubinho e um longa que será exibido na seção CinePsiquê.
Além das sessões que vão ocorrer diariamente até 25 de abril, haverá diversas atividades que ampliam a compreensão do cinema contemporâneo, como os Seminários da Crítica e duas edições especiais do Cinema da Vela. No dia 4 de abril, o artista Higo Josepf inaugura nas paredes do CineSesc uma exposição estilo fanzine, na qual ele vai retratar com seus desenhos feitos a mão cenas de filmes que foram vencedores das edições anteriores do Festival.
O Museu da Pessoa também entra na programação do evento e, durante o festival, uma equipe vai registrar histórias narradas pelo público que vai frequentar o CineSesc no período. Vale lembrar que o Museu da Pessoal é um museu virtual e colaborativo de histórias de vida fundado em São Paulo, que registra, preserva e transforma em informação histórias de vida de toda e qualquer pessoa da sociedade.
Para levar a discussões do Festival para o maior número de pessoas possível, este ano serão gravados episódios de podcast com personalidades do cinema, que vão comentar desde a programação do evento até as temáticas que se destacaram no último ano e que farão parte dos debates e conversas que serão realizados no CineSesc durante todo o mês. Em pauta, a diversidade de gênero no cinema, a produção das mulheres no cinema e também a representação da mulher nas telas, a presença dos negros no mercado audiovisual e a questão racial na narrativa do cinema atual.
De Berlim e Cannes para o CineSesc
Entre os títulos que serão exibidos, do Festival de Berlim chega o húngaro Corpo e Alma, Urso de Ouro em 2017. Mas é Cannes quem traz a maior seleção de produções, com o iraniano O Apartamento, de Asghar Farhadi, escolhidos como melhor roteiro e melhor ator no Festival de Cannes 2016 para Shahab Hosseini; o belga A Garota Desconhecida, dos irmãos Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, que concorreu à Palma no mesmo ano ao lado de Paterson, de Jim Jarmusch, além do grande vencedor de Cannes 2016: Eu, Daniel Blake, que deu a segunda Palma de Ouro ao diretor britânico Ken Loach.
Por fim, o singular Toni Erdmann, com o qual a diretora alemã Maren Ade concorreu ao Oscar de Melhor Filmes Estrangeiro em 2017, será exibido dia 14, às 21h30 e é a atração do CinePsiquê no dia 19, quinta, às 19h, em sessão gratuita seguida de debate com Daniel Martins de Barros, Christian Dunker e mediação de Sandro Macedo.
Do Oscar para o Festival Melhores
Já da safra que passou pelo Oscar 2017 e da que levou as estatuetas em 2018, está épico de guerra Dunkirk, de Christopher Nolan; o vencedor do Oscar de Roteiro Original Corra!, que deu a Jordan Peele o título de primeiro roteirista negro a levar um Oscar na categoria e também a indicação a melhor direção também para Peele.
Outro longa que entrou para a história foi o chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio, que levou não só o Oscar de Filme Estrangeiro como deu a Daniela Vega a chance de estrelar o primeiro longa protagonizado por uma transexual a levar a estatueta da categoria. Vega também se tornou a primeira trans a apresentar um prêmio na cerimônia, quando ela anunciou o número do cantor Sufjan Stevens, que concorreu com a belíssima Mistery of Love, de Me Chame pelo Seu Nome, ao Oscar de Melhor Canção.
Já da festa de 2017, mas ainda em pauta, La La Land – Cantando Estações, de Damien Chazelle, que levou a estatueta de Melhor Direção, foi um dos lembrados pelo público do Festival Sesc Melhores Filmes e volta a ser exibido para alegria dos fãs de Emma Stone, que levou o Oscar de Melhor Atriz por sua performance no musical.
Também ainda em pauta e relevante para o debate sobre as questões atuais do cinema está Moonlight – Sob a Luz do Luar, que deu a Barry Jenkins o Oscar de Melhor Filme e de Melhor Roteiro Adaptado e de Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali. Depois de uma edição 2016 sob o brado de #OscarSoWhithe (#OscarTãoBranco), Moonlight fez história e abriu caminho para que a indústria prestasse mais atenção a produções como Corra!, Pantera Negra, Mudbound – Lágrimas do Mississipi.
Dois dos esnobados pelo Oscar mas que não faltaram na lista do público este ano foram Mulher Maravilha, com o qual Patty Jenkins que também entrou para a história ao se tornar a primeira mulher a dirigir um longa orçado em mais de 100 milhões de dólares. O longa estrelado por Gal Gadot também bateu recorde de bilheteria e alçou a atriz à categoria das grandes estrelas de Hollywood. Mais que um grande filme de herói, Mulher Maravilha também se tornou referência de heroínas e personagens femininas fortes no cinema.
Para terminar, importante citar o engenhoso Fragmentado, com o qual Night Shyamalan voltou à boa forma na direção de thriller psicológicos. O ator James McVoy está genial em seus tantos papeis e merecia, ao menos, uma lembrança no Oscar de Melhor Ator este ano.
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por Flavia Guerra
(Imagem: divulgação do filme Toni Erdmann)