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Túnel do tempo: de Vincere a Parasita, os filmes internacionais consagrados no Festival Sesc Melhores Filmes

Mad Max: Estrada da Fúria, por George Miller

Uma coisa não se pode negar: o gosto do público do Festival Sesc Melhores Filmes é bastante eclético, viaja por países de todos os cantos do planeta e jamais se limita às grandes produções de Hollywood. Assim também podemos concluir do gosto da crítica especializada. E é exatamente o que a gente observa quando olhamos os longas premiados como Melhor Filme Estrangeiro nas últimas dez edições do festival.

Em dez anos, o público escolheu produções hollywoodianas apenas duas vezes, quando escolheu Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, terceiro episódio da mais recente franquia Batman comandada pelo cineasta Christopher Nolan (A Origem), em 2012, e com Mad Max: Estrada da Fúria, o grande retorno da franquia iniciada em 1979, de George Miller (Mad Max), em 2015.

Nas outras edições, tivemos, entre os vencedores de Melhor Filme Estrangeiro, produções oriundas da Itália, França, México, Hungria e Coreia do Sul, tanto na votação do público e como também da crítica. Vamos voltar no tempo para relembrar as histórias de algumas dessas obras-primas. E se, por acaso, perdeu alguma delas, ainda dá tempo de correr atrás!

Parasita, de Bong Joon Ho

Em 2020, na primeira edição online do festival, não teve pra ninguém. Depois de receber a Palma de Ouro em Cannes e da consagração total no Oscar, o sul-coreano Parasita foi unanimidade entre o público e crítica no Melhores. O filme conquistou o mundo inteiro com sua mistura de comédia, violência e humor irônico ao retratar uma família pobre que vai se infiltrando aos poucos como empregados na mansão de uma família milionária – até tudo começar a dar muito errado…

Um ano antes, em 2019, outra unanimidade: o drama mexicano Roma, de Alfonso Cuarón, produzido pela Netflix, agradou os espectadores e a imprensa especializada, com uma história pessoal do próprio diretor: a jornada de uma babá e empregada doméstica que trabalha na casa de uma família de classe média na Cidade do México dos anos 1970. Roma foi consagrado no Melhores depois de uma belíssima carreira internacional que começou com o Leão de Ouro no Festival de Veneza e culminou com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Direção e Fotografia.

Em 2018, há três anos, foi a última vez em que público e crítica se dividiram em filmes diferentes. O público consagrou um filme que ficou um bom tempo em cartaz em São Paulo graças ao boca a boca dos espectadores: a animação Com Amor, Van Gogh, sobre um homem que vai até a cidade-natal do grande pintor holandês para tentar entregar uma carta escrita pelo próprio Vincent ao seu irmão Theo. Enquanto isso, os críticos se empolgaram com Corra!, filme originalíssimo que adaptou o gênero terror aos conflitos racistas, numa típica família de classe média branca americana – o longa foi indicado a quatro prêmios na Academia do Oscar e venceu o de Melhor Roteiro Original.

Outra diferença pôde ser vista em 2017. O público amou o drama A Garota Dinamarquesa, sobre a pintora Lili Elbe, a primeira pessoa no mundo a passar por uma cirurgia de mudança de gênero, em 1926 – o filme deu a Alicia Vikander, que vive a mulher de Lili, o Oscar de Atriz Coadjuvante. A crítica preferiu o longa de guerra duríssimo, filmado em grandes planos-sequências, vindo da Hungria: O Filho de Saul, história de um prisioneiro judeu que tenta dar ao filho um enterro apropriado dentro do campo de concentração. Um ano antes, a produção havia levado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Em 2016, a unanimidade de que já falamos no início deste post: Mad Max: Estrada da Fúria, grande produção de ação dirigido pelo mesmo George Miller do filme de 1979 – mas agora com o ator Tom Hardy no lugar de Mel Gibson – conquistou todo mundo. Já em 2015, dois filmes que chegaram forte ao Oscar dividiram as atenções. O público concordou com Hollywood e escolheu 12 Anos de Escravidão, que venceu a estatueta de Melhor Filme naquele ano. Porém, os críticos se apaixonaram por Boyhood – Da Infância à Juventude, em que acompanha o crescimento de um garoto e seu cotidiano.

Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche

Em 2014, os premiados do Melhores vieram consagrados com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o mais prestigiado do mundo, sendo aquele que apresenta os filmes autorais que poderá ter o maior impacto do ano. A educação sentimental de Adèle, uma menina que se descobre gay, em Azul é a Cor Mais Quente, foi o favorito do público. Os críticos preferiram a aspereza afetiva de Amor, do austríaco Michael Haneke (A Professora de Piano), sobre um marido octogenário que precisa lidar com a doença degenerativa da mulher.

Há oito anos atrás, as escolhas não podiam ser mais diferentes. Enquanto a edição 2013 viu o público optar pelo blockbuster, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, a crítica especializada embarcou no drama iraniano A Separação, de Asghar Farhadi, o filme mais consagrado do ano anterior, do também prestigiado Urso de Ouro no Festival de Berlim ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

E em 2012, onde estávamos? Dois grandes autores, aqueles por quem os cinéfilos nutrem uma paixão que dura décadas, seguindo cada nova obra deles, tomaram a dianteira. O espanhol Pedro Almodóvar foi o eleito do público com seu A Pele que Habito, um suspense sombrio sobre um cirurgião psicótico (Antonio Banderas) que mantém como cobaia em sua casa uma jovem por quem é apaixonado. Os críticos se uniram em torno do dinamarquês Lars Von Trier, que um ano antes havia apresentado um dos filmes mais fortes de sua carreira, Melancolia, em que reflete sobre as angústias humanas sobre um possível fim do mundo.

E há exatos dez anos atrás? Em 2011, um outro mestre, este italiano, conseguiu a unanimidade nas duas categorias. Foi Marco Bellocchio, cineasta de grandes filmes sociais e políticos, que naquele ano foi aclamado com Vincere, cuja história imagina a curiosa vida de uma das amantes do ditador fascista Benito Mussolini.

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