Os efeitos da pandemia no cinema infantil e o retorno do CineClubinho presencial aos domingos

Por Elton Telles

Em escala global, a cadeia de produção audiovisual foi paralisada por conta dos efeitos drásticos da pandemia da Covid-19. Diversas obras tiveram as filmagens interrompidas no mundo inteiro por conta da crise sanitária, o que ocasionou atrasos no calendário de lançamentos. Essa situação respinga no circuito de cinema atual e, para driblar a falta de ofertas, algumas distribuidoras brasileiras optaram pelo rescaldo de filmes lançados há mais de dois anos em seus países de origem e que somente agora chegam às salas de exibição no Brasil.

Este é um exemplo de como a pandemia afetou o mercado cinematográfico, tanto na produção quanto na exibição ao público. 

Outro caso que pode ser mencionado para ilustrar o efeito pandêmico no cinema é o fortalecimento dos streamings, favorecido pela mudança de hábito dos espectadores. Enquanto as salas de cinema permaneceram fechadas e as pessoas foram obrigadas a manter o isolamento social, foi na internetTV que a maioria encontrou refúgio. Não à toa, diversos canais de streaming ampliaram o seu raio de atuação, com a chegada no Brasil de diferentes opções.

Os estúdios observaram esse padrão e buscaram soluções: fizeram um novo cálculo de rota e lançaram direto no streaming muitos de seus filmes que estavam previstos para estrearem habitualmente nas telonas – a contragosto de alguns realizadores.

Cinema infantil

O cinema direcionado ao público infantil, por exemplo, teve uma nova plataforma para ser apresentada às crianças. Em vez das cores das animações e aventuras de apelo infanto-juvenil estourarem nas telas de cinema distribuídas pelo país, a sessão première foi mais intimista: na sala de estar de casa. Essa mudança atinge diretamente os resultados de bilheteria que movem o mercado exibidor, pois geralmente os filmes infantis são programados em datas estratégicas para favorecer a ida das crianças/famílias ao cinema, como as férias de julho – outra tradição deformada pela pandemia visto o ano letivo confusobagunçado das escolas.

Desta forma, várias superproduções direcionadas também para os pequenos tiveram que lidarlidaram com adiamentos no calendário e, no fim das contas, encontraram abrigo nos streamings; nem sequer nos cinemas foram exibidos ou receberam uma distribuição muito limitada. Este é o caso, por exemplo, do filão de super-heróis e das animações.

Entre os cinco indicados ao Oscar 2022 de Melhor Animação, quatro deles foram disponíveis ao público em 2021, e somente “Raya e o Último Dragão” teve lançamento formal e tímido nos cinemas, no mês de março, dias antes do agravamento dos casos da pandemia. “Luca”, “Encanto” e “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” foram diretamente para as plataformas digitais. 

As tradicionais sessões do CineClubinho aos domingos, promovidas pelo CineSesc, também tiveram uma pausa porde tempo indeterminado, e toda a programação infantil migrou para o online, na plataforma Sesc Digital. Durante o ano passado, foram exibidos alguns títulos do cinema nacional e internacional, como curtas-metragens e as animações “Garoto Cósmico” (2007) e “O Menino e o Mundo” (2013), ambos dirigidos por Alê Abreu, e “Zoo – Uma Amizade Maior que a Vida”. Além da plataforma ter abrigado o Festival comKids – Prix Jeunesse Iberoamericano em agosto.. 

Retorno do CineClubinho presencial 

A boa notícia é que o CineClubinho está de volta com sessões presenciais dentro da programação do 48º Festival Sesc Melhores Filmes, resgatando o que teve de mais significativo entre os exemplares infantis do último ano! As sessões são gratuitas e acontecem aos domingos, mas agora em novo horário: às 14h30. Os ingressos podem ser retirados na bilheteria do CineSesc com até 1h de antecedência. 

Todas as sessões do CineClubinho vão contar com recursos de acessibilidade, com legendas, libras e audiodescrição.

A programação do CineClubinho começa neste domingo, dia 10, com a exibição da adorável sequência “Turma da Mônica – Lições”, de Daniel Rezende, que foi o filme brasileiro mais assistido em 2021. A trama se passa na fictícia cidade de Limoeiro e aborda o amadurecimento de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão.

Como já mencionado, a animação vencedora do Oscar deste ano “Encanto”, de Jared Bush e Byron Howard, não foi exibida nos cinemas. Mas no festival, todos terão a chance de (re)ver essa emocionante história ambientada na América Latina, com direito às canções que grudaram na cabeça da garotada. A sessão de “Encanto” será no dia 17 de abril. 

Por fim, também indicado ao Oscar na categoria Melhores Efeitos Visuais e uma das maiores bilheterias do cinema em 2021, o público vai poder ver na telona do CineSesc o sucesso “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” no dia 27/4, em cópia 3D e dublada.

A programação completa do 48º Festival Sesc Melhores Filmes pode ser conferida aqui.

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