Inédito no cinema, “A Felicidade das Coisas” dá a largada no 48º Festival Sesc Melhores Filmes no Sesc Digital

Por Elton Telles

O filme “A Felicidade das Coisas”, de Thais Fujinaga, tem previsão de estrear nos cinemas somente no dia 19 de maio, mas quem acompanhar de forma remota a cerimônia de premiação do 48º Festival Sesc Melhores Filmes vai poder assistir a esta produção brasileira em primeira mão. 

A sessão única e gratuita do longa-metragem na plataforma Sesc Digital será nesta quarta-feira, dia 6, a partir das 22h, dando início à vasta programação de filmes que o público e a crítica votaram como os melhores títulos lançados em 2021. Assista gratuitamente em sescsp.org.br/cinemaemcasa.

A melancólica trama de “A Felicidade das Coisas” é protagonizada por Paula, que está grávida do terceiro filho e passa as férias com a família em uma recém-adquirida e modesta casa de veraneio. No local, ela pretende construir uma piscina para as crianças, mas seus planos são despedaçados por conta de problemas financeiros. Deixada sozinha pelo marido e lidando com as constantes demandas do filho pré-adolescente, Paula vai entrar em confronto com suas próprias expectativas, frustrações e responsabilidades.

A maturidade do roteiro, escrito também por Fujinaga, é uma das principais qualidades de “A Felicidade das Coisas”. A autora extrai de situações banais e cotidianas uma identificação imediata com o espectador, e a partir da simplicidade que emoldura a história, opta por uma condução sóbria que assume caráter de crônica. Para além dos acontecimentos que fazem a trama andar, o filme ganha o público em evocar a beleza rotineira nas relações pessoais, e é na convivência que cada personagem “deixa escapar” suas particularidades.

Registrado com bastante naturalidade, o elenco merece destaque, sobretudo as atrizes centrais. Já tendo demonstrado talento nos ótimos curtas-metragens “Tentei” (2017) e “Baile” (2019), Patricia Saravy ganha mais tempo em tela para exibir seus dotes interpretativos, e como Paula, deixa transparecer em seu semblante cansado as inesgotáveis manobras da protagonista em buscar equilíbrio nas adversidades que a cercam. Em contraponto, Magali Biff funciona quase como um alívio cômico, encarnando o papel da avó com doçura e sapiência. Há um diálogo em um quarto em que as duas contracenam que torna difícil não afirmar que são mãe e filha na vida real.

Esse tom de realismo emprestado à obra é graças aos esforços de Fujinaga, que aqui alcança notas superlativas em sua estreia como diretora de longas-metragens. Entre os trabalhos de sua curta, porém expressiva carreira no audiovisual, a cineasta dirigiu o curta-metragem “L” (2011), que recebeu uma menção honrosa no Festival de Berlim, e co-assinou o roteiro do elogiado drama luso-brasileiro “A Cidade Onde Envelheço” (2016).

Já “A Felicidade das Coisas” foi exibido no Festival Internacional de Roterdã, na Holanda, e foi um dos finalistas do Troféu Bandeira Paulista, na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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