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A ideia que dá luz à obra: os roteiros aclamados pelo público e pela crítica nas edições do Festival Sesc Melhores Filmes

Juno, de Jason Reitman

“Eu poderia ser apenas um escritor, mas não sou. Sou um roteirista, o que significa ser metade de um cineasta… Mas ser roteirista não é uma forma de arte, porque roteiros não são obras de arte. São convites para outras pessoas colaborarem nessa obra.”

Esta definição do trabalho de um roteirista é de Paul Schrader, cineasta responsável pelo roteiro de obras-primas como Taxi Driver (1976) e Touro Indomável (1980), de Martin Scorsese. Ela mostra o quanto o roteiro é uma estrutura fundamental para o diretor poder trabalhar em cima do filme, entretanto, serve como de ponto de partida para várias outras decisões, como, por exemplo, luz, montagem, elenco, forma de atuar, cenários, trilha sonora, etc., que irão completar um filme.

A história do cinema registra todo tipo de gente. Há os grandes cineastas que nunca abriram mão de assinar seus próprios roteiros, de Billy Wilder (Quanto Mais Quente Melhor) a Woody Allen (A Rosa Púrpura do Cairo), de Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) aos irmãos Joel e Ethan Coen (Fargo).

Há aqueles que se tornaram diretores depois de conquistarem uma grande reputação com seus scripts – é o caso, além de Schrader, de Charlie Kaufman (Quero Ser John Malkovich), conhecido por suas tramas filosóficas e labirínticas; e Aaron Sorkin (A Rede Social), indicado ao Oscar deste ano pelo roteiro de Os 7 de Chicago, que também dirige.

E também há aqueles ou aquelas que passam a vida atrás da máquina de escrever, sem nunca dirigirem, como Steven Zaillian (A Lista de Schindler, O Irlandês). Entre as mulheres, que hoje ocupam seu merecido espaço, destaque em Hollywood para Diablo Cody (Juno, Jovens Adultos), Chloé Zhao (indicada ao Oscar por seu roteiro em Nomadland), Emerald Fennell (indicada este ano por Bela Vingança) e Lucinda Coxon (A Garota Dinamarquesa).


Cidade de Deus, de Fernando Meirelles

Nossas próprias histórias

E no Brasil? Nossa lista é imensa, e vai de Bráulio Mantovani – indicado ao Oscar por Cidade de Deus e roteirista dos dois Tropa de Elite – a Jorge Furtado (O Homem que Copiava, Aos Olhos de Ernesto), também com intensa carreira na TV. Roteiristas de Central do Brasil, João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, expandiram seu raio de ação para as novelas – Bernstein ainda assinou as tramas de Chico Xavier e Faroeste Caboclo, entre outros títulos. Também cineasta e documentarista, Luiz Bolognesi assina por anos os roteiros de Laís Bodanzky (Bicho de 7 Cabeças, Como Nossos Pais).

Entre as cineastas, Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?) e Sandra Kogut (Três Verões) estão no time das que escrevem os roteiros que dirigem. Mas temos ainda Adriana Falcão, responsável pelo script de sucessos como Auto da Compadecida e Se Eu Fosse Você.

Nos últimos anos, público e crítica do Festival Sesc Melhores Filmes concordaram em escolher os roteiros de três produções como os mais bem escritos de seus respectivos anos: Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, em 2020; Aquarius, também de Kleber Mendonça, em 2017; e Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, em 2017.

Igualmente aclamado foi o roteiro que Murilo Benício adaptou da peça de Nelson Rodrigues em O Beijo no Asfalto, prêmio do público em 2019, e a história escrita por Karine Telles (atriz) e Gustavo Pizzi (diretor) sobre a mãe que não se conforma com a independência do filho em Benzinho, prêmio da crítica naquele mesmo ano. Um ano antes, em 2018, o público amou a relação de duas irmãs, uma delas trans, no roteiro de A Glória e a Graça, escrito por Mikael Albuquerque e Lucas Silvestre; e a crítica elegeu a história da mulher de classe média lutando por mais independência e liberdade em Como Nossos Pais, roteiro de Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi.

No 47º Festival Sesc Melhores Filmes, que teve sua cerimônia de premiação no último dia 14, público e crítica foram unânimes ao escolher o roteiro de Pacarrete como o melhor do cinema brasileiro em 2020. Escrito em parceria, pelo próprio diretor Allan Deberton, junto com Natália Maia, Samuel Brasileiro e André Araújo. Este último é neto de Maria Araújo Lima, moradora da cidade de Poças (CE), que inspirou a protagonista vivida pela atriz Marcélia Cartaxto. O filme tem exibição em sessão única às 20h no próximo dia 23 de abril. Não perca!

Confiram os melhores roteiros do 47º Festival Sesc Melhores Filmes em exibição no Cinema #EmCasaComSesc até dia 5 de maio.

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