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‘O Som ao Redor’ celebra 10 anos com sessão especial em 35mm no CineSesc

Em janeiro de 2013, após uma bem-sucedida carreira percorrendo festivais de cinema no Brasil e mundo afora, “O Som ao Redor”, primeiro longa-metragem ficcional de Kleber Mendonça Filho, estreou oficialmente no circuito de cinema e foi confirmado o que se dizia nas exibições prévias: nascia um clássico moderno da cinematografia brasileira. Em celebração aos 10 anos de lançamento do filme, a programação do 49º Festival Sesc Melhores Filmes dedicou uma sessão especial em cópia 35mm a “O Som ao Redor”, com a presença do realizador e da produtora, Emilie Lesclaux.  

Na apresentação do filme, ambos falaram brevemente para uma sala praticamente lotada, com 225 espectadores. “É um prazer e uma felicidade estar aqui na sala do CineSesc, onde nós exibimos todos os nossos filmes. Eu tenho muitas boas lembranças daqui, porque é um lugar que gerou momentos importantes da nossa trajetória”, disse Emilie em seu discurso.  

Emilie Lesclaux e Kleber Mendonça Filho apresentam sessão especial do filme "O Som Ao Redor" durante o 49º Festival Sesc Melhores Filmes.
Emilie Lesclaux e Kleber Mendonça Filho. Foto: Carolina Mendonça

Na sequência, quem assumiu o microfone foi o diretor e roteirista Kleber Mendonça Filho. O cineasta, que assume ser um defensor da sala de cinema, relembrou que a segunda exibição de “O Som ao Redor” em São Paulo foi no CineSesc, e segundo ele, “a repercussão foi muito especial”. “Eu sou pernambucano, não moro em São Paulo, mas o CineSesc faz parte da minha formação. Eu já assisti a muitos filmes aqui, e depois tive a alegria de ver meus filmes serem exibidos aqui também. Eu acho que uma sala de cinema é capaz de formar caráter; ela forma não só público, mas forma também uma ideia do próprio cinema”, acrescentou. 

Kleber lançou uma pergunta ao público para saber quantas pessoas presentes na sessão ainda não tinham assistido a “O Som ao Redor”, e ficou surpreso com a maioria delas com as mãos pro alto. “Isso é muito bom, porque quando exibimos filmes que já têm uma certa trajetória, a gente tende a achar que são pessoas que já viram o filme, mas na verdade, há toda uma movimentação de quem nunca viu, e é fantástico pensar que o filme está vivo depois de 10 anos. Isso não é pouca coisa.”  

Público na sala de cinema durante a exibição em 35mm de "O Som Ao Redor" durante o 49º Festival Sesc Melhores Filmes
Público lotou a sala de cinema para exibição em 35mm de “O Som Ao Redor” durante o 49º Festival Sesc Melhores Filmes. Foto: Carolina Mendonça

Uma trama complexa como a de “O Som ao Redor” suscita uma gama de tópicos para serem discutidos. Dividida em três partes, a história é ambientada em um bairro de classe média no Recife e perpassa diversos episódios e flagras do cotidiano, culminando em uma potente observação de como o comportamento humano interage com o meio opressivo da cidade grande. Kleber costura uma crônica sobre a violência urbana sob diferentes perspectivas, seja enquadrando os enormes prédios que sobrecarregam o cenário ou, principalmente, quando explora o convívio insustentável entre as pessoas que preenchem esses espaços.  

Baseado no mosaico de personagens que povoam “O Som ao Redor”, vindos de diferentes vivências, culturas e realidades, são colocadas à mesa temáticas como herança, empatia, intolerância e privilégios. O filme é um retrato consistente e contundente das inevitáveis interferências do dia a dia e de como essas rupturas podem atingir o outro, que nem sempre reage da maneira mais civilizada.  

Há algumas cenas memoráveis do filme que já entraram na história do cinema brasileiro, como a simbólica cachoeira de sangue, o sexo com a máquina de lavar, a personagem da atriz Maeve Jinkings recebendo massagem dos filhos pequenos, e ainda a inconformada moradora do condomínio que protesta “eu tenho recebido a minha revista Veja fora do plástico”. São muitos Brasis entoados por “O Som ao Redor”.  

Atriz Maeve Jinkings em uma das cenas memoráveis de "O Som Ao Redor", onde sua personagem recebe massagem dos filhos.
Maeve Jinkings em uma das cenas memoráveis de “O Som Ao Redor”. Foto: Divulgação

Em 2014, na cerimônia de premiação da 40ª edição do Festival Sesc Melhores Filmes, “O Som ao Redor” foi escolhido pelo voto do público e da crítica como o Melhor Filme Nacional. Os outros títulos com a assinatura de Kleber Mendonça Filho, “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019), também foram vencedores pelos júris popular e da crítica em seus anos correspondentes. Os roteiros e todo o processo criativo dessa trinca de filmes renomados estão reunidos no livro “Três Roteiros” (Companhia das Letras, 320 p.), cuja sessão de autógrafos aconteceu no hall do CineSesc, antes da exibição em 35 mm do filme homenageado. 

Kleber Mendonça Filho autografa exemplares do livro "Três Roteiros" no CineSesc durante o 49ºFestival Sesc Melhores Filmes.
Roteiro de “O Som Ao Redor” integra livro lançado pelo cineasta em 2020. Foto: Carolina Medonça

O 49º Festival Sesc Melhores Filmes segue até o dia 26 de abril, com a exibição dos títulos mais elogiados do ano passado. Confira a programação completa e garanta seus ingressos antecipadamente aqui.  

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